Editorial

Decorreu, no passado dia 6 de setembro, no Teatro Thalia, em Lisboa, numa organização conjunta da Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior com a Fundação para a Ciência e a Tecnologia e a Direção-Geral de Estatísticas de Educação e Ciência, no âmbito da iniciativa Ciência Aberta, o Encontro “Edição Digital em Ciência Aberta. Caminhos e Oportunidades”, em que participei como presidente da APEES.

Tive ocasião de encontrar vários colegas da APEES, designadamente o Professor Delfim Leão, que falou no Encontro, na qualidade de presidente da Imprensa da Universidade de Coimbra, mas também outros, com quem tive ocasião de conversar e partilhar ideias.

Após a minha intervenção, outros também manifestaram a intenção de as suas instituições virem a integrar a APEES, o que merece o nosso entusiástico apoio.

É importante que o papel da APEES seja reconhecido pelo poder político e pelo setor da edição académica quando se discute um assunto de tão grande relevo para Portugal como é a edição digital.

A sociedade contemporânea – do conhecimento ou digital – é mais do que as relações que as pessoas mantêm entre si. É também mais do que um conjunto de pessoas ou uma coletividade política. É uma série de pequenas realidades dentro de uma realidade maior, em permanente crescimento e transformação, tornada possível pela utilização massiva das tecnologias pelas pessoas. Por exemplo, as redes sociais são novas formas de socialização que nos tornam seres públicos com todos os benefícios e custos que isso tem. Certo é que há hoje novas formas de circulação de informação e de produção e partilha de conhecimento. As redes não são apenas meios de socialização, mas espaços de promoção individual e coletiva próprios de um novo mundo onde se cruzam meios, possibilidades e riscos nunca vistos, o que é notório nos meios e pessoas servidos pelas editoras académicas.

Ligando isto à ideia de livro que fundamenta a existência das editoras e, particularmente, das editoras académicas, que tanta importância desempenharam e desempenham na vida dos professores, investigadores e estudantes do ensino superior, é preciso reconhecer que não basta pensar apenas na importância do livro, mas dos conteúdos digitais em geral. As palavras de ordem hoje são para preservar e disseminar todo o conhecimento existente, visto como um bem público que deve poder ser acedido por todos, tanto quanto possível direta e gratuitamente, independentemente dos meios utilizados.

Os meios digitais são adequados a esse objetivo de preservação e partilha. A questão está em saber quem, como e para quê está interessado na utilização de recursos digitais.

Muitas coisas mudaram na ciência e ensino superior em Portugal desde que se percebeu a inevitabilidade da digitalização de processos. Refere-se esse movimento a todas as áreas de intervenção das instituições de ensino superior, designadamente à edição.

Para muitos a edição académica estava condenada à morte, por força da existência das editoras comerciais, e, todavia, pode ressurgir, se se tornar diferente das demais e de si própria e responder de modo eficaz às necessidades das pessoas.

Em todas estas instituições existe, se bem que de modos e com intensidades diferentes, a preocupação pela digitalização.

A Direção da APEES é particularmente sensível ao fenómeno da digitalização. Como temos verificado, as editoras académicas têm sido sujeitas e elas próprias têm procedido a mudanças organizacionais, de funcionamento e de objetivos, que são fundamentalmente de mentalidades. Entre essas mudanças está a necessidade de associar novos serviços à edição académica tradicional, como é o caso da disponibilização ao público de plataformas digitais, tanto de livros como de revistas e de outros recursos digitais (por exemplo, os chamados recursos abertos).

Na APEES, procuramos sensibilizar os associados e a sociedade para a necessidade da mudança e as possíveis formas de a fazer. É uma matéria na qual, como se comprovou com a realização do evento em que participei, nos sentimos acompanhados pelo governo e pelas autoridades europeias, mas que necessita de concretizações práticas, tanto em termos organizacionais como na definição de políticas, o que está muito longe de estar feito. Refiro-me a políticas públicas mas também às políticas internas das instituições.

Continuam a existir livros em formato de papel e continua a existir a necessidade de distribuição, que é um problema para a generalidade das editoras académicas. Agora há que fazer uma aposta na digitalização, abrangendo os livros, mas indo para além dos livros.

As editoras académicas portuguesas são realidades que, do ponto de vista jurídico e organizacional, detêm graus de autonomia muito diferentes.

Em termos gerais, assiste-se a uma tendência para a aglutinação de serviços, para além da produção e distribuição de livros, atendendo às necessidades dos membros das comunidades educativas e aos objetivos de afirmação internacional das instituições.

É também esse espírito diferenciador que caracteriza as novas editoras que entretanto têm sido criadas. A ideia da publicação não morreu, apenas se metamorfoseou.

Sabemos que os investigadores se comportam de maneira diferente uns dos outros. É um facto que os investigadores das ciências sociais e humanas são globalmente mais propensos à publicação de livros e a escrever nas línguas nacionais do que os investigadores das ciências exatas e tecnológicas, pelo que há que garantir que a publicação dos livros está sujeita às mesmas exigências de qualidade das revistas. É preocupação da APEES intervir diretamente junto das direções das editoras académicas, mas mantendo o contacto com a direção das instituições que as albergam e, o que é muito importante, com os próprios agentes envolvidos, não só os professores e investigadores mas também os estudantes, porque, de facto, muitas coisas estão a mudar paralelamente na investigação e ensino.

Nada disto é novo e cada vez mais se alarga ao trabalho das pessoas. Ainda recentemente no congresso do ECPR (European Consortium on Political Research), que se realizou em Hamburgo, foi notório o crescimento do interesse e da investigação nesta área, com redes cada vez mais relevantes.

Uma das linhas de investigação visa compreender os contornos de novas políticas unificadas em matéria de investigação, desenvolvimento, inovação e qualidade na ciência e ensino superior. É uma matéria que abrange escolhas de um vasto espectro de agentes, que fazem parte de modelos de governação complexos.

Destacamos ainda na APEES a necessidade de colaboração entre instituições. As maiores editoras académicas portuguesas são pequenas à escala do mundo, onde hoje tudo se joga, pelo que a necessidade de colaboração entre as editoras vale para todas e não exclui nenhuma.Por exemplo, temos de levar a sério a convergência de esforços na área da edição digital, através de esquemas de justa repartição de benefícios e custos entre instituições. É um caminho que se tem revelado difícil, por razões culturais, mas que é necessário percorrer, sob pena de as editoras académicas não sobreviverem.

Por fim, há que colocar a temática da edição digital no centro da investigação internacional, procurando encontrar as soluções técnicas e financeiras adequadas aos objetivos pretendidos.

É pois um tempo de mudança que a APEES terá de acompanhar ativamente.  

João Caetano

Presidente da Direção da APEES

EM DESTAQUE

Edição Digital em Ciência Aberta. Caminhos e Oportunidades O presidente da Direção da APEES, João Caetano, participou no dia 6 de setembro de 2018, em Lisboa, no evento organizado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, a Fundação para a Ciência e Tecnologia e outras entidades, em que se discutiu a temática da “Edição Digital em Ciência Aberta. Caminhos e Oportunidades”. Os trabalhos decorreram durante todo o dia, no Teatro Thalia. O presidente da APEES participou no Painel 3, intitulado “Edição Digital – a experiência dos editores”, em que interveio também Nuno Garrido, da Revista Motricidade, e Luís Capucha, da Revista Sociologia, problemas e práticas. Também o presidente da Assembleia Geral da APEES, Delfim Leão, interveio no evento, na qualidade de diretor da Imprensa da Universidade de Coimbra e de responsável pela UC Digitalis. Falou no Painel 2, em que se debateu a temática “Plataformas de Apoio à publicação científica. Estado da Arte e perspetivas futuras”.

NOVIDADES EDITORIAIS

	CONSTITUIÇÃO PORTUGUESA ANOTADA Vol. II - Artigos 80.º a 201.º Autores: Jorge Miranda | Rui Medeiros Ano: 2018 ISBN: 9789725406113 Editor: Universidade Católica Editora +informação
	A PROMESSA DA POLÍTICA  Autor: Mendo Castro Henriques Ano: 2018 ISBN: 9789725406106 Editor: Universidade Católica Editora +informação
	LIDERAR EQUIPAS DE TRABALHO - Desafios e boas práticas Autor: Luís Caeiro Ano: 2017 ISBN: 9789725406137 Editor: Universidade Católica Editora +informação
	MÉTODO DO CASO - Uma Introdução ao Direito - 4ª edição  Autores: Gonçalo de Almeida Ribeiro | Patrícia Fragoso Martins | Pedro Garcia Marques Ano: 2018 ISBN: 9789725406144 Editor: Universidade Católica Editora +informação
	PALESTRA ANUAL ALEXIS DE TOQUEVILLE 1998-2018 Prefaciador: João Carlos Espada Coordenadora: Ana V. Martins  Ano: 2018 ISBN: 9789725406120 Editor: Universidade Católica Editora +informação
	CATÓLICA LAW REVIEW - Direito Privado Volume II – n.º1  Ano: 2018 Editor: Universidade Católica Editora +informação
	Revista JURIS - Penal e Processo Penal Vol. II - N.º2 Coordenador: Benja Satula Autor: AAVV Ano: 2018 ISBN: 2183-8305 Editor: Universidade Católica Editora +informação
	DIDASKALIA - Cinco décadas de Teologia (Índices 1971-2018) 2018 Fascículos 1 e 2 - Volume XLVIII Autor: AAVV Ano: 2018 ISBN: 0253-1674 Editor: Universidade Católica Editora +informação
	INTERNATIONAL JOURNAL OF PHILOSOPHY & SOCIAL VALUES - Revista do Centro de Estudos de Filosofia | Volume I - n.º 1 Autores: AAVV Ano: 2018 ISBN: 2184-2787 Editor: Universidade Católica Editora +informação
	A CASA SENHORIAL - Anatomia de Interiores Actas do III Colóquio Internacional Autores: AAVV Ano: 2018 ISBN: 9789898835420 Editor: Universidade Católica Editora +informação
	A OBRA E PENSAMENTO DE SAMPAIO BRUNO Biblioteca Humanística e Teológica n.º26 Autores: AAVV Ano: 2018 ISBN: 9789898835444 Editor: Universidade Católica Editora +informação
	ESTUDO SOBRE AS OPORTUNIDADES PARA O DESENVOLVIMENTO DO CLUSTER CRIATIVO DE BANDAS DE MUSICA EXISTENTES NO CENTRO COMERCIAL STOP  Ano: 2018 ISBN: 9789898835468 Editor: Universidade Católica Editora +informação
	LAW AND INTERCULTURALISM Autores: AAVV Ano: 2018 ISBN: 9789898835451 Editor: Universidade Católica Editora +informação
	Pragmática: Uma introdução Autora: Ana Cristina Macário Lopes Ano: 2018 ISBN: 978-989-26-1603-2 Editor: Imprensa da Universidade de Coimbra +informação
	Arquitetura conventual e cidade medieval: A formação e os impactos dos sistemas urbanísticos mendicantes em Portugal (séc. XIII-XV) Autora: Catarina Almeida Marado Ano: 2018 ISBN: 978-989-26-1517-2 Editor: Imprensa da Universidade de Coimbra +informação
	Ricardo Jorge: Ciência, humanismo e modernidade  Autor: Rui Manuel Pinto Costa Ano: 2018 ISBN: 978-989-26-1531-8 Editor: Imprensa da Universidade de Coimbra +informação
	As Troianas  Autores: Hélia Correia e Jaime Rocha Ano: 2018 ISBN: 978-989-26-1577-6 Editor: Imprensa da Universidade de Coimbra +informação
	Serras de Xisto da Cordilheira Central Autor: Luciano Lourenço Ano: 2018 ISBN: 978-989-26-1321-5 Editor: Imprensa da Universidade de Coimbra +informação
	As cartas não mentem Autor: José Luís Foureaux De Souza Júnior Ano: 2018 ISBN: 978-989-26-1511-0 Editor: Imprensa da Universidade de Coimbra +informação
	Rituais hermenêuticos da convivência: variações sobre H.-G. Gadamer  Autora: Maria Luisa Portocarrero Ano: 2018 ISBN: 978-989-26-1535-6 Editor: Imprensa da Universidade de Coimbra +informação
	Medeia, Safo e Antígona: Mitos eternos, novas leituras  Autor: Andrés Pociña Ano: 2018 ISBN: 978-989-26-1525-7 Editor: Imprensa da Universidade de Coimbra +informação
	Irreligiosidad y Literatura en la Atenas Clásica Editores: V.M. Ramón Palerm, G. Sopeña Genzor, A.C. Vicente Sánchez Ano: 2018 ISBN: 978-989-26-1597-4 Editor: Imprensa da Universidade de Coimbra +informação
	Narrativas Mediáticas e Comunicação: Construção da Memória como Processo de Identidade Organizacional  Editores: João Figueira, Ana Teresa Peixinho Ano: 2018 ISBN: 978-989-26-1557-8 Editor: Imprensa da Universidade de Coimbra +informação
	Oficinas de Muhipiti: planeamento estratégico, património, desenvolvimento  Editores: Walter Rossa, Nuno Lopes, Nuno Simão Gonçalves Ano: 2018 ISBN: 978-989-26-1555-4 Editor: Imprensa da Universidade de Coimbra +informação
	Boletim do Arquivo da Universidade de Coimbra Vol. XXXI, N.º 1  Diretores: José Pedro Paiva e Júlio Ramos Ano: 2018 ISSN: 0872-5632 | 2182-7974 Editor: Imprensa da Universidade de Coimbra +informação
	Psychologica 61-1  Diretor: Rui Paixão Ano: 2018 ISSN: 0871-4657 Editor: Imprensa da Universidade de Coimbra +informação
	Humanitas 71  Diretora: Carmen Soares Ano: 2018 ISSN: 0871 – 1569 Editor: Imprensa da Universidade de Coimbra +informação
	Plato Journal 17 Diretora: Gabriele Cornelli Ano: 2018 ISSN: 2079-7567 Editor: Imprensa da Universidade de Coimbra +informação
	Atlantís 22 Coordenadores: Delfim F. Leão & Gabriele Cornelli Ano: 2018 ISSN Digital: 2183-4326 Editor: Imprensa da Universidade de Coimbra +informação
	Atlantís 23 Coordenadores: Delfim F. Leão & Gabriele Cornelli Ano: 2018 ISSN Digital: 2183-4326 Editor: Imprensa da Universidade de Coimbra +informação
	Eletrónica. Uma Visão de Projeto Autores: Pedro Guedes de Oliveira e Dinis Magalhães Santos Ano: 2018 (julho) ISBN: 978-989-746-164-4 Editor: U. Porto Edições +informação
	Uma Coisa Chamada Hermenêutica Autor: Ricardo Namora Ano: 2018 (julho) ISBN: 978-989-746-176-7 Editor: U. Porto Edições +informação
	Hernâni Monteiro. Figura Eminente da U. Porto Autor: Amélia Ricon Ferraz (coord.) Ano: 2018 (julho) ISBN: 978-989-746-166-8 Editor: U. Porto Edições +informação
	Luis Inacio Woodhouse (1857-1927). O Professor e a sua Obra Autoras: Maria do Céu Silva e Maria Luísa Magalhães Ano: 2018 (maio) ISBN: 978-989-746-162-0 Editor: U. Porto Edições +informação